Quando redigi a postagem Frustrados e Mal Pagos no dia 14/01, procurei detalhar – em oito itens – os pontos mais importantes da fala da secretária Stela Farias na reunião havida naquela data.
Dois deles merecem destaque neste momento: “II. em razão do vício de origem – e para não criar precedente – a GIC não será paga com base na Lei 13.444/2010. Haverá um novo projeto, oriundo do Executivo;”; “VII. é muito pouco provável que haja o pagamento integral da GIC quando de sua implantação. Há uma forte possibilidade de que a integralização se dê em etapas, com escalonamento;
Portanto, creio que ainda não há motivo para pânico em relação à GIC. Já sabíamos que o governo não pagaria a nossa gratificação nos termos da Lei 13.444/2010.
Entretanto, o erro possivelmente cometido pelo governo foi o de não avisar sobre o ajuizamento da ADI.
Aliás, o correto seria ajuizar a ADI depois de acertar com a nossa categoria os termos de um novo PL.
Uma vez definida a forma e o(s) prazo(s) de pagamento da GIC, que se providenciasse, então, a ADI e, logo após, o encaminhamento do PL ao Legislativo.
Vejam que usei o termo “possivelmente” porque não descarto a possibilidade de que o SINTERGS já soubesse da ADI. Precisamos ter cautela para não imputar ao governo, precipitadamente, a responsabilidade pela surpresa que tivemos.
O SINTERGS está no governo, faz parte do governo por intermédio do CDES, e não sabia disso?
A ADI foi ajuizada no dia 1º de fevereiro e no dia 03/02, quando a notícia foi divulgada, até o site do sindicato foi retirado do ar. Uma coincidência e tanto, que precisa ser muito bem analisada.
Além disso, há um aspecto interessante em relação a essa ADI que me leva a crer que o SINTERGS já sabia.
Apesar de o ajuizamento da ação ter ocorrido em 1º de fevereiro, a petição inicial traz a data de 20 de janeiro (cópia no final da postagem).
Ora, se a petição inicial ficou pronta em 20/01, quantos dias separaram a ordem do governo para o ajuizamento da ADI e a data precitada?
Será que antes do dia 14/01 (dia da nossa reunião com a secretária Stela Farias) o ajuizamento da ação já havia sido determinado? E, durante todo esse tempo, nenhuma informação chegou ao SINTERGS?
Outra notícia recente e preocupante – e que trata de algo inédito – é aquela constante na página 14 da edição de hoje de Zero Hora (cópia no final da postagem).
O que o governo poderia estar pretendendo ao pedir ao TCE que “analise as últimas nomeações feitas pela gestão passada”? Quer desconstituí-las?
Caso seja essa a pretensão (absurda e descabida) do governo, quem vai defender nossos colegas? O SINTERGS?
Bem, se for o SINTERGS, não tenho dúvida de que nossos colegas estão, mesmo, correndo perigo.
Quando me perguntam sobre o porquê dessa absoluta e evidente ineficiência do SINTERGS, costumo usar uma frase bem conhecida: é impossível tirar leite de pedra.
Fazendo analogia para definir nossa representação sindical, é como se quiséssemos ganhar um campeonato de futebol tendo um time de 11 jogadores de peteca. Não dá. É impossível.
Nossa situação salarial (trágica) é absolutamente proporcional à nossa representação. Somos mal representados e mal remunerados.
Todavia, essa ineficiência do SINTERGS já ameaça a própria subsistência do nosso quadro, pois nos tornamos vulneráreis a ponto de o governo tentar rever nomeações juridicamente perfeitas que foram realizadas por uma gestão anterior.
Vocês acham que o governo pediu ao TCE para analisar as nomeações dos procuradores do estado ou dos agentes fiscais do tesouro do estado?
Claro que não. Lá a banda toca diferente. No Menino Deus a banda nem toca, pois quando um associado liga para o SINTERGS é atendido por funcionários que, além de suas atribuições, são sobrecarregados com a tarefa de fazer o que os 11 petequeiros deveriam fazer. Não fosse a presença dos funcionários, nosso sindicato seria um verdadeiro navio fantasma.
A propósito, aproveito a postagem para, respeitosamente, ajudar o presidente do SINTERGS a reparar um equívoco cometido naquela reunião enfadonha, sonolenta e improdutiva do dia 03/02, no auditório do CAFF.
O presidente disse, naquela oportunidade, ao defender o imposto sindical: “não se faz sindicalismo sem dinheiro”.
Acho que ele esqueceu que o próprio SINTERGS já provou que se pode fazer muito com pouquíssimo dinheiro.
Quando nosso sindicato tinha somente 1.500 sócios e nossa contribuição sindical era apenas R$13,00 nós compramos a sede do SINTERGS e fomos, por exemplo, os maiores beneficiados na política salarial Britto.
Hoje, com 5.500 sócios que jogam fora R$32,00 por mês, o SINTERGS não consegue produzir coisa alguma, e se transformou numa fornalha que torra 2 milhões de reais por ano. Dois milhões!
Como pode um sindicato que atua no âmbito estadual e que possui apenas uma sede e meia dúzia de funcionários consumir quase 200 mil reais por mês? Nem veículo próprio o nosso sindicato tem!
Isso é o suprassumo da perdularidade!
Na verdade, pagamos R$32,00 por mês para empobrecer. É o empobrecimento mais caro que há.
Diante disso, creio que a frase dita pelo presidente do SINTERGS reflete apenas um momento de infelicidade em seu pequeno discurso de 90 minutos.
A frase correta é: “diante de um sindicalismo ineficiente, inepto e perdulário, não há dinheiro que chegue, e não há sindicalizado que progrida”.
Nós, associados, precisamos agir ou nosso sindicato e nossas carreiras irão à bancarrota.
Não podemos, por mera passividade, permitir que um pequeno grupo de colegas nos mantenha em queda livre, rumo ao fundo do poço. É a vida profissional de cada um de nós que está em jogo, à mercê de quem já demonstrou que não tem capacidade de atender às nossas necessidades e expectativas.
Agradecimentos indispensáveis:
· Maria Candida: obrigado por seguir o blog e pelo comentário inteligente e ponderado. Espero que continues participando das nossas discussões;
· Neca B. de Souza: obrigado por seguir o blog. O descaso dos nossos representantes com o MI 1829 é o mesmo em relação aos dois RMS que tramitam na 6ª Turma do STJ e que poderiam resolver o problema das nossas promoções. Com a tua manifestação, o pessoal do Menino Deus certamente vai se manifestar sobre o assunto, pois eles estão sempre de olho no blog. Se eles não falarem, eu falarei;
· Marilene Folli: seja bem-vinda ao blog. Obrigado pela participação!
· Matheus: obrigado pela intervenção quando o presidente do SINTERGS e um dos diretores tentaram “cortar” minha fala na reunião tediosa do dia 03/02, no CAFF. Eles defendem com unhas e dentes a FESSERGS e a CGTB. É assim mesmo. Valeu!
· Patrícia: obrigado pelas valiosas contribuições e pela participação assídua no blog!
· Jorge: o fato de o blog lançar em primeira mão certas notícias e documentos (parecer da PGE, ADI, etc.) mostra a ineficiência (e a falência) de uma estrutura enorme, paquidérmica (11 sindicalistas + funcionários + 2 milhões de reais por ano) em comparação ao que faz um único associado e seu computador pessoal.
· A todos os demais seguidores e leitores do blog, obrigado pelas participações e pelo apoio ao nosso espaço!