STELA FARIAS MOSTRA O CAMINHO: Secretária Estadual da Administração e dos Recursos Humanos reconhece a importância dos técnicos-científicos e compara o nosso Quadro àquele dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, da Administração Federal. Fala, também, sobre a situação de penúria salarial que estamos experimentando. Diz, ainda, que a revisão do nosso plano de carreira é o caminho para resolver esse problema. Ouçam a gravação (Programa Gaúcha Atualidade de 13/02/2012. Jornalistas André Machado e Rosane de Oliveira)
ESPECIALISTAS EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL (Administração Federal): Para quem não conhece, essa é uma carreira criada na Administração Federal ainda na década de 80. Ficou esquecida durante muito tempo, mas foi redescoberta no Governo Fernando Henrique (retomada dos concursos) e fortalecida no Governo Lula, que, por intermédio da Lei Federal nº11.890/08, concedeu um novo patamar salarial para esses servidores, e na forma de subsídio (acima, a tabela de remuneração, atualizada)
I – A ENTREVISTA
Ontem (13/02), no programa Gaúcha Atualidade, a Secretária Stela Farias concedeu entrevista aos jornalistas André Machado e Rosane de Oliveira e falou sobre a importância dos técnicos-científicos para a Administração Estadual.
Reconheceu o fato de que a baixíssima remuneração faz com que as nossas carreiras não sejam atrativas, tornando difícil a contratação de profissionais qualificados.
Disse que o atual Governo pretende dar aos técnicos-científicos, além da GET, recomposição de salários relativa à inflação, mas que a solução definitiva do problema salarial da nossa categoria requer a revisão do nosso plano de carreira.
II – A LIÇÃO
A Secretária Stela Farias, nessa breve entrevista, deu uma aula aos técnicos-científicos.
Mostrou o quão pequenos são – se é que existem – o pensamento estratégico e o agir da nossa representação.
Foi além disso, e mostrou o caminho que deveríamos estar seguindo ao comparar o nosso Quadro – em importância e também em potencial – ao Quadro dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental, da Administração Federal.
Fiquei feliz ao ouvir a Secretária Stela fazer essa referência, pois há muito tempo venho dizendo aos colegas que se deixam levar – em razão da nossa penúria salarial – pela ideia de fatiamento do nosso Quadro para a criação de quadros menores.
A forma como foi concebido o Quadro dos técnicos-científicos é uma das nossas grandes virtudes, pois há, ali, tratamento isonômico (salarial e funcional) para profissionais de nível superior de diversas áreas, com atuação em absolutamente todas as Secretarias de Estado.
Precisamos apenas de revitalização do nosso Quadro, com aumento significativo de nossa progressão funcional (hoje em ridículos 13,23% ainda divididos em 4 Classes), e redefinição dos vencimentos básicos – é preciso esquecer os percentuais de reajuste e estabelecer um novo patamar de remuneração.
Chega daquela postura burra de negociar “perdas inflacionárias”. É hora de aprendermos a lição.
Caso o Governo nos dê, por exemplo, reajuste de 23% ao longo de três anos, a título de reposição inflacionária, isso representará um acréscimo de, aproximadamente, R$875,00 nos nossos contracheques, já considerando a incidência desse percentual na GET.
Alguém acha que nossas carreiras se tornarão mais atrativas ou que a vida de um técnico-científico mudará para melhor por conta de um acréscimo salarial de R$875,00, integralizado somente em 2014?
III – BOA PERSPECTIVA
Pelas palavras da Secretária Stela Farias vejo que há uma boa perspectiva de, ainda neste Governo, darmos início à revitalização do nosso Quadro.
Ficou evidente, também, que o Governo sabe (e reconhece publicamente) da importância e do valor do nosso Quadro para a Administração Estadual.
Resta saber se os nossos representantes sindicais saberão, digo, desejarão – termo mais apropriado – aproveitar o bom momento que foi criado pelo esforço dos próprios técnicos-científicos (blog, gabinete digital e twitter) e a receptividade do Governo, para dar início a esse processo de revitalização.
IV – EFEITO BALAIO DE GATOS
Pesa contra nossas pretensões o fato de o SINTERGS ter sido transformado num balaio de gatos.
Porém, não é só o balaio, em si, que nos prejudica, mas a forma como se comporta a gataria.
Quando há projetos específicos para os gatos caroneiros que não são técnicos-científicos, ficamos apenas assistindo.
Quando os técnicos-científicos, por esforço próprio, criam alguma expectativa de melhoria salarial, a gataria caroneira começa a miar, querendo também. Querem ganhar o que vai só para eles e também o que deveria ser apenas dos técnicos-científicos.
Será que gatos caroneiros participarão das negociações dos técnicos-científicos?
Estarão presentes para dizer que o SINTERGS representa 8.000 servidores?
Nós, técnicos-científicos, somos apenas 2.000 servidores ativos (já considerando os extranumerários) e, aproximadamente, 2.900 inativos.
Nessa conta de 8.000 há 3.000 caroneiros, que ganham salários muito superiores aos nossos quando consideradas todas as vantagens que eles conquistaram (exclusivamente para eles, sem qualquer reivindicação ou emenda ao projeto que beneficiasse os técnicos-científicos).
V – POSTURA DO GOVERNO
Ao contrário do que tem sido dito em Assembleias por um diretor do SINTERGS, o Governo não é o nosso inimigo.
Os nossos inimigos estão dentro da nossa trincheira, e alguns colegas ainda não perceberam o perigo.
Por outro lado, gostei da entrevista da Secretária Stela Farias, e vejo uma boa perspectiva para a nossa categoria, cujo aproveitamento dependerá da postura dos nossos representantes.
A propósito, espero que o Governo elabore um projeto de revitalização específico para o Quadro dos técnicos-científicos, e não dê ouvidos à conversa fiada de que o SINTERGS representa 8.000 “técnicos de nível superior do Poder Executivo” (isso, como diria o Padre Quevedo, “non ecxiste”).
No âmbito do SINTERGS, os únicos servidores que estão em situação de penúria salarial são os donos do sindicato, os técnicos-científicos, e o Governo sabe que somos os primos pobres dentro da nossa própria casa.
Portanto, temos que intensificar a nossa mobilização (twitter, blog, e-mails) e ficar de olho nos caroneiros.